domingo, 25 de janeiro de 2009

sábado, 17 de janeiro de 2009

sábado, 10 de janeiro de 2009

SAWABONA - Sobre estar sozinho –

Não foi apenas o avanço tecnológico que marcou o início deste milénio. As relações afectivas também estão a passar por profundas transformações e a revolucionar o conceito de amor.
O que se busca hoje é uma relação compatível com os tempos modernos, na qual exista individualidade, respeito, alegria e prazer de estar junto, e não mais uma relação de dependência, em que um responsabiliza o outro pelo seu bem-estar.
A ideia de uma pessoa ser o remédio para a nossa felicidade, que nasceu com o romantismo, está fadada a desaparecer neste início de século. O amor romântico parte da premissa de que somos uma fracção e precisamos encontrar a nossa outra metade para nos sentirmos completos.
Muitas vezes ocorre até um processo de despersonalização que, historicamente, tem atingido mais a mulher. Ela abandona as suas características, para se amalgamar ao projecto masculino.
A teoria da ligação entre opostos também vem dessa raiz: O outro tem de saber fazer o que eu não sei. Se sou calmo, ele deve ser agressivo, e assim por diante. Uma ideia prática de sobrevivência, e pouco romântica, por sinal.
A palavra de ordem deste século é parceria. Estamos trocando o amor de necessidade, pelo amor de desejo. Eu gosto e desejo a companhia, mas não preciso, o que é muito diferente.
Com o avanço tecnológico, que exige mais tempo individual, as pessoas estão a perder o pavor de ficar sozinhas, e a aprender a conviver melhor consigo mesmas. Elas estão começando a perceber que se sentem fracção, mas são inteiras.
O outro, com o qual se estabelece um elo, também se sente uma fracção. Não é príncipe ou salvador de coisa nenhuma. É apenas um companheiro de viagem.
O homem é um animal que vai mudando o mundo, e depois tem de ir se reciclando, para se adaptar ao mundo que fabricou.
Estamos entrando na era da individualidade, o que não tem nada a ver com egoísmo. O egoísta não tem energia própria; ele alimenta-se da energia que vem do outro, seja ela financeira ou moral.
A nova forma de amor, ou mais amor, tem nova feição e significado.
Visa a aproximação de dois inteiros, e não a união de duas metades.
E ela só é possível para aqueles que conseguirem trabalhar a sua individualidade.
Quanto mais o indivíduo for competente para viver sozinho, mais preparado estará para uma boa relação afectiva.
A solidão é boa, ficar sozinho não é vergonhoso. Ao contrário, dá dignidade à pessoa.
As boas relações afectivas são óptimas, são muito parecidas com o ficar sozinho, ninguém exige nada de ninguém e ambos crescem.
Relações de dominação e de concessões exageradas são coisas do século passado. Cada cérebro é único. O nosso modo de pensar e agir não serve de referência para avaliar ninguém.
Muitas vezes, pensamos que o outro é a nossa alma gémea e, na verdade, o que fizemos foi inventá-lo ao nosso gosto.
Todas as pessoas deveriam ficar sozinhas de vez em quando, para estabelecer um diálogo interno e descobrir a sua força pessoal.
Na solidão, o indivíduo entende que a harmonia e a paz de espírito só podem ser encontradas dentro dele mesmo, e não a partir do outro.
Ao perceber isso, ele torna-se menos crítico e mais compreensivo em relação às diferenças, respeitando a maneira de ser de cada um.
O amor de duas pessoas inteiras é bem mais saudável. Nesse tipo de ligação, há o aconchego, o prazer da companhia e o respeito pelo ser amado.
Nem sempre é suficiente ser perdoado por alguém, algumas vezes você tem de aprender a perdoar a si mesmo...

PS: Caso tenha ficado curioso em saber o significado de SAWABONA, é um cumprimento usado no sul de África e quer dizer "EU RESPEITO-TE, EU VALORIZO-TE, TU ÉS IMPORTANTE PARA MIM."
Em resposta as pessoas dizem SHIKOBA, que é "ENTÃO, EU EXISTO PARA TI."

(Flávio Gikovate, médico psicoterapeuta)

A importância da interacção social no desenvolvimento humano

A ideia de vivermos sozinhos no mundo, isolados, é horrível para a maioria de nós, seres humanos. Somos seres sociais por excelência, criaturas que se agrupam, dependem umas das outras, física e psicologicamente, durante toda a vida. Um relacionamento íntimo com outros seres humanos parece ser uma necessidade à sobrevivência e ao bem-estar.

Desde o início o bebé é sociável. De alguma forma ele já está pré-adaptado a orientar-se para a pessoa que cuida dele, que satisfaz as suas necessidades físicas e lhe proporciona a estimulação sensorial e social que o converterá numa pessoa que percebe, comunica e pensa ajustada à cultura onde está inserida.

A vida humana é inevitavelmente uma vida grupal.

Os povos de todas as regiões do mundo formam sociedades que influenciam quase tudo em seu redor.
Todos os seres humanos vivem em sociedade e desenvolvem-se em função dela. As sociedades dos homens diferem entre si, mas existem características que predominam em todas elas, tais como :

O Trabalho – Em todas as sociedades os homens empenham-se no trabalho utilizando ferramentas e desenvolvendo habilidades específicas. Em todas as sociedades os homens têm que prover alimentos, abrigo e roupa.

A Dança e o Canto – Todas as sociedades desenvolvem actividades recreativas, tais como a dança e o canto, enfeitando-se e criando objectos de arte.

Valores Éticos – Todas as sociedades agem em termos de certo e errado, sendo a educação desenvolvida em função desses valores. Todas as sociedades formulam teorias e crenças sobre a constituição do Mundo e sobre a sua própria História.

Educação – Todas as sociedades possuem um sistema de educação, através do qual as crianças e os jovens aprendem as práticas, as habilidades e as crenças da sociedade.

Todas estas actividades, desenvolvidas e perpetuadas de geração em geração, só são possíveis graças à linguagem e aos diferentes meios de comunicação que as sociedades criam e utilizam, em função das suas características particulares.

É evidente que todas estas características da sociedade só são possíveis devido aos factos psicológicos, na medida em que são os seres humanos, individualmente que criam, que fazem os instrumentos e as regras. Mas sendo produto da criação individual são porém apropriados pelo todo social.

Os seres humanos têm necessidade de criar normas sociais de modo a orientar e regular o comportamento dentro dos grupos ou sociedade. Cada grupo a que pertencemos tem os seus próprios padrões. Por exemplo, em família pode-se falar de determinada maneira e evitar certos tópicos enquanto que com os amigos se pode seguir um código completamente diferente.

As normas sociais podem ser imposições, padrões de referência e regras existentes no grupo. Embora muitas vezes não tenhamos consciência disso, elas normas têm poderosos efeitos no comportamento.

Em quase todos os encontros sociais, encontramos expectativas partilhadas sobre o que fazer, dizer, pensar e até sentir.

Por exemplo, tiramos apontamentos nas aulas, mas não em festas ou em jogos de futebol.

O homem, ao agir, fá-lo no meio de outros homens que podem manifestar aprovação ou reprovação em relação à sua conduta.

Os modelos sociais estabelecem limites à conduta dos indivíduos, exigindo uma certa conformidade com as normas impostas pela sociedade, mas funcionando como se a vontade de agir para com os outros partisse da iniciativa pessoal. É assim que os modelos sociais, tendo origem no exterior, devem ser considerados interiores à personalidade do indivíduo.

Os padrões relativos à linguagem e à conduta são aceites de forma tão comum pelos membros de uma cultura que parecem naturais e espontâneos, sendo verdadeiramente adquiridos pela educação.

Os seres humanos estão sujeitos a sentir-se intensamente constrangidos quando violam regras, mesmo que as convenções sejam triviais e possam custar muito honrá-las.

Por exemplo, se um indivíduo estiver nu pode achar difícil correr para fora de casa para escapar a um incêndio.

O homem, enquanto ser individual é o resultado de uma série de transformações. O homem evolui a nível das estruturas e capacidades físicas e mentais.

Todo o ser humano apresenta uma estrutura, um potencial que lhe permite captar e reagir à condições sociais e desenvolver relações interpessoais.

Os homens quando interagem uns com os outros, produzem mudanças fundamentais, em si mesmos e nos outros com quem interagem.

O homem transforma-se em ser humano, através dos encontros que mantém com os outros seres humanos.

O homem é um ser com uma grande extensão do campo psicológico, o que lhe permite obter uma série de transformações quer perceptivas quer cognitivas.

Os homens, ao contrário de muitos animais, não são dominados, exclusivamente, pelas necessidades do momento. O homem pode olhar para o passado e para o futuro e estabelecer relações causais, em função das experiências passadas, e antecipar as consequências das suas acções futuras.

O homem torna-se um ser consciente que percebe, pensa e sente a sua vida interior. O homem assume atitudes perante si mesmo, controlando as suas acções e tendências.

Estes factos têm consequências profundas para as relações interpessoais.

O homem possui um campo mental com um extenso horizonte, o que torna possível relações diversificadas e duradouras.

O desenvolvimento da estrutura cognitiva do homem permite a integração de uma elevada extensão de conhecimentos, interligados entre si e estruturados de forma ordenada, o que permite estabelecer uma certa unidade ás suas acções, aos seus pensamentos e às suas relações com os outros.


RESUMINDO:

A interacção social é extremamente importante para o desenvolvimento humano e a formação do Eu na medida em que:

• É através dela que o ser se transforma em Humano, que adquire as características comportamentais e psicológicas que o identificam como Homem.

• É através da interacção que o ser desenvolve as suas capacidades mentais, a sua estrutura física e os seus sentimentos.

• É através da interacção que o homem aprende as normas e as regras da sociedade

• É através do processo de interacção que o homem desenvolve sistemas de motivações cada vez mais completas e se projecta no futuro.

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

OS DIREITOS ASSERTIVOS



São um conjunto de direitos que permitem a cada um de nós sermos nós próprios, agir e expressarmo-nos como nós próprios, perante os outros, sem distinções de cor, sexo, idade ou estatuto social. É importante considerar que os direitos vêm definidos em termos abstractos, e que deverão ser particularizados de acordo com as nossas situações individuais.
Não é obrigatório concordarmos com todos eles, a listagem constitui apenas um auxiliar para cada um de nós construir o seu “guia de acção” na comunicação assertiva. Mas ao fazê-lo teremos obrigatoriamente que aceitar que não são direitos exclusivamente nossos mas sim aplicáveis a todas as pessoas com quem interagimos.
Não podemos defender direitos sem aceitar a responsabilidade que lhes é inerente, a de defender os nossos direitos considerando sempre os direitos dos outros.

•Eu tenho o direito de ser respeitado e tratado de igual para igual, qualquer que seja o papel que desempenho ou o meu status social.

•Eu tenho o direito de manter os meus próprios valores, desde que eles respeitem os direitos dos outros.

•Eu tenho o direito de expressar os meus sentimentos e opiniões.

•Eu tenho o direito de expressar as minhas necessidades e pedir o que quero.

•Eu tenho o direito de dizer NÃO e não me sentir culpado por isso.

•Eu tenho o direito de pedir ajuda e de escolher se quero prestar ajuda a alguém.

•Eu tenho o direito de me sentir bem comigo próprio sem sentir necessidade de me justificar perante os outros.

•Eu tenho o direito de mudar de opinião.

•Eu tenho o direito de pensar antes de agir ou tomar uma decisão.

•Eu tenho o direito de dizer “Eu não estou a perceber” e pedir que me esclareçam ou ajudem.

•Eu tenho o direito de cometer erros sem me sentir culpado.

•Eu tenho o direito de fixar os meus próprios objectivos de vida e lutar para que as minhas expectativas sejam realizadas, desde que respeite os direitos dos outros.

ASSERTIVIDADE - FAZER UM PEDIDO

Passos para realizar um pedido de forma assertiva:

1. Chame a pessoa pelo seu nome.
2. Expresse o seu pedido claramente.
3. Explique as razões.
4. Convide a pessoa a fazer comentários.
5. Pergunte se necessita de algo para cumprir o pedido.
6. Acorde os detalhes (ex.para quando necessitará aquilo que pediu).

Exemplo:
(1) Ana,
(2) Necessito que me faças um relatório de vendas de 2007.
(3) A Direcção solicitou-me o relatório para uma reunião de amanhã e eu estarei fora todo o dia.
(4) Que te parece?
(5) Avisa-me se necessitares de ajuda ou alguma informação.
(6) Por favor, envia-mo por e-mail antes das 10horas.